Diário do Paciente

Minha voz, minha identidade

No dia 16 de abril de 2016, antes da apresentação do Coral do grupo GALA na UFCSPA – Universidade Federal de Ciência da Saúde de Porto Alegre, nas comemorações do Dia Mundial da Voz de 2016,  foi apresentado um vídeo onde eu faço um depoimento sobre “Minha voz, minha identidade”.

A voz é o meio de comunicação mais primitivo, é através da voz que conseguimos nos expressar e fazer com que as pessoas nos ouçam e nos compreendam.Podemos também dizer que a voz é nossa identidade vocal e está presente desde que nascemos, como o primeiro choro, até a velhice.  A voz tem o papel de transmitir os nossos sentimentos, revelar quem somos e nossa personalidade.

Outro aspecto na construção da voz é o fator social. Em cada região há pequenas diferenças em como se fala e no padrão de voz. Os vocabulários e expressões fazem parte da cultura de cada local e forma o regionalismo, nos permitindo situar o lugar que o sujeito vive ou nasceu. Ao ouvir uma voz conseguimos sugerir se é uma criança, um adulto ou idoso, bem como seu sexo.

Podemos também dizer que a voz é um documento, pois uma das principais características da voz é o timbre e por ele podemos reconhecemos uma pessoa, mesmo que não esteja na nossa presença, por exemplo, pelo telefone ou pelo rádio. A frequência e intensidade de uma voz, a velocidade de fala, pausas, o regionalismo, todos esses traços vocais que constroem a qualidade de uma voz e nos auxiliam no reconhecimento de pessoas. É por esta razão que a voz é considerada nossa marca registrada, nossa identidade, assim como a impressão digital.

Nós, laringectomizados totais, quando perdemos nossas pregas vocais, para nos livrarmos do câncer de laringe, perdemos com isso, parte de nossa identidade, porque perdemos a voz. Mesmo falando com voz esofágica como é o meu caso, não seremos mais reconhecido pela voz.

Por esta razão, devemos ser amigos de nossa voz e ter um cuidado especial por ela, para não perdermos parte importante de nossa identidade. Pense nisso!

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Osório José Amandio é advogado, tem 71 anos, sobrevivente de um câncer de laringe. Participa do grupo de apoio GALA e escreve conteúdos no blog da ACBG Brasil.

 

 

 

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