Artigos, Reabilitação

Cenário brasileiro do CCP

Os cânceres da região da cabeça e pescoço são altamente frequentes em nosso meio. Enquanto que os tumores de boca ocupam a 5ª posição entre os homens, os cânceres de tireóide ocupam a quinta posição entre as mulheres no Brasil. Considerando os tumores de boca e garganta conjuntamente, estes somente ficam atrás dos tumores de próstata e de intestino, em número de novos casos na população brasileira.

Infelizmente, por dificuldades de acesso aos sistemas de saúde, cerca de 50% dos pacientes chega aos cuidados dos médicos especialistas em estágio avançado. Como em muitas vezes o tratamento cirúrgico é considerado o tratamento inicial, as cirurgias oncológicas de grande porte podem causar uma série de sequelas, principalmente relacionadas a estética, dificuldade de fala, respiração e alimentação. Não é incomum os pacientes portadores de grandes tumores de cabeça e pescoço precisarem de traqueostomias, sondas para alimentação ou extensos curativos no pós operatório. Muitas vezes, a ressecção de grande parte o totalidade da lingua, mandíbula, ou mesmo da laringe se torna necessária para a cura do câncer de cabeça e pescoço. Porém devemos dispor de recursos adequados para realizar a reabilitação e reinserção destes indivíduos na sociedade.

Ao longo das últimas décadas a tecnologia permitiu aos cirurgiões realizar técnicas menos invasivas, que causam menos sequelas nos pacientes, como também realizar melhores reconstruções, como a microcirurgia reconstrutiva, antes inimaginável como algo viável na maioria dos centros de referência em oncologia. Além disso, o emprego de órteses e próteses de reabilitação em cabeça e pescoço tem auxiliado os pacientes no retorno a alimentação, fala, e convívio social. Ainda estamos longe do ideal, com diversos centros de referência no Brasil carecendo de recursos para oferecer o melhor tratamento de reabilitação possível, mas com o esforço conjunto das Sociedades de especialidades e sociedade civil, conseguiremos juntos chegar em melhores condições de cuidados à nossa população.

 

 

Dr. Rafael De Cicco – Chefe do departamento de cirurgia de cabeça e pescoço do Instituto do Câncer Doutor Arnaldo Vieira de Carvalho (SP).

 

 

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