Abertura da 4ª Campanha Nacional de Prevenção do Câncer de Cabeça e Pescoço

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Abertura da 4ª Campanha Nacional de Prevenção do Câncer de Cabeça e Pescoço

No dia 1º de julho de 2020 ocorreu a abertura oficial da 4ª Campanha Nacional de Prevenção do Câncer de Cabeça e Pescoço. Este evento, em decorrência da atual pandemia por COVID-19, foi totalmente digital e divulgada através de uma live transmitida na plataforma YouTube. Esta reunião online intitulada “Panorama do Câncer de Cabeça e Pescoço no Brasil” abordou sobre os principais tipos de câncer que acometem a região de cabeça e pescoço e o posicionamento do país quanto a prevenção, diagnóstico, tratamento e reabilitação dos pacientes portadores da doença. Para este primeiro encontro houve a participação dos seguintes profissionais: Dr. Antonio Gonçalves (Presidente da Sociedade Brasileira de Cirurgia de Cabeça e Pescoço), Dr. Arthur Accioly Rosa (Presidente da Sociedade Brasileira de Radioterapia), Dr. Lucas Gomes (Coordenador do Serviço de Cirurgia de Cabeça e Pescoço do Hospital Aristides Maltez) e Dr. Rogério Gondak (Patologista Oral da Universidade Federal de Santa Catarina e Membro da Sociedade Brasileira de Estomatologia e Patologia Oral). 

O câncer de cabeça e pescoço envolve múltiplas regiões anatômicas como cavidade oral (lábios, língua, assoalho da boca e palato), faringe (nasofaringe, orofaringe e hipofaringe), seios da face, laringe, glândula tireóide e glândulas salivares. Os principais fatores de risco para o câncer de cabeça e pescoço incluem o tabagismo, etilismo, papilomavírus humano (tumores de orofaringe), vírus Epstein-Barr (tumores de nasofaringe) e depressão imunológica.  

De acordo com o Instituto Nacional de Câncer, o Brasil registra a cada ano cerca de 41 mil novos casos de tumores malignos em região de cabeça e pescoço. A maioria dos pacientes são diagnosticados em estágios avançados da doença (estágios III e IV), dificultando a aplicação de medidas terapêuticas, aumentando a possibilidade de complicações e sequelas, e diminuindo a taxa de sobrevida destes pacientes. O último relatório da Globocan/OMS de 2018 mostrou que o câncer foi diagnosticado em 559.371 brasileiros (homens e mulheres), sendo 48.607 em região de cabeça e pescoço (3ª posição entre todos os sítios anatômicos). Quanto a mortalidade, no Brasil, em 2018, houve 243.588 óbitos por câncer, sendo 15.313 em pacientes portadores de câncer de cabeça e pescoço (6ª posição entre todos os afetados por câncer).

Durante a Live, os profissionais também destacaram a importância da abordagem multidisciplinar em todas as fases do tratamento oncológico, possibilitando uma abordagem mais eficaz, integrativa e com resultados mais previsíveis. Dependendo do estágio da doença, localização anatômica do tumor e condições gerais do paciente, o tratamento pode envolver a cirurgia, radioterapia e quimioterapia. 

A técnica empregada no tratamento oncológico pode impactar diretamente na qualidade de vida do paciente, em virtude do potencial de lesão de estruturas responsáveis pela produção de saliva, paladar, função oral, audição, fala, deglutição e abertura bucal. Além disso, pode gerar xerostomia, disgeusia, infecções orais oportunistas, osteorradionecroses e mucosites orais. A técnica de radioterapia de intensidade modulada (IMRT) permite restringir as doses elevadas de irradiação na região tumoral comparado às técnicas convencionais, gerando maiores gradientes de dose, melhor conformação e determinando menor toxicidade. No entanto, a distribuição de máquinas de IMRT no Brasil é ineficaz, e em média o paciente necessita deslocar cerca de 72 quilômetros para a realização da radioterapia.

Na última parte, os participantes comentaram sobre as principais Políticas Públicas a serem adotadas para a geração de um cenário mais digno e positivo para o cuidado do paciente oncológico. Foi ressaltada a importância do diagnóstico precoce para diminuição das sequelas do tratamento, favorecimento da qualidade de vida e minimização do custo total dos pacientes para o SUS; necessidade de atenção integral, multidisciplinar e contínua para os pacientes oncológicos; disponibilização de materiais básicos para cuidados aos efeitos colaterais da terapia anti-neoplásica como a laserterapia; necessidade imediata de atualização da Portaria Nº 516 (Ministério da Saúde);  reabilitação estética e funcional (próteses bucomaxilofacial, próteses traqueoesofágicas, laringes eletrônicas) do paciente para promoção da reinserção social; auxílio do poder público para fomento de pesquisas científicas na área oncológica; medidas de arrecadação fiscal da indústria do tabaco; e fortalecimento de campanhas de prevenção como o Julho Verde

 

 

Sobre o autor:

Rogério Gondak é dentista, especialista em Implantodontia e Patologia Oral, docente e pesquisador do Departamento de Patologia da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC). Membro da Sociedade Brasileira de Estomatologia e Patologia Oral (SOBEP) e voluntário da ACBG Brasil.

 

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